Qual foi sua primeira sensação ao entrar na Casa Higienópolis pela primeira vez? 

Ah, eu pensei: Nossa! Será que eu sou capaz? Era um desafio, pois nas fazendas sou mais livre para trabalhar, fazer minhas escolhas. Neste projeto da Casa Higienópolis eu tive muito cuidado com tudo que fazia e tinha também que seguir as normas do Condephaat.


E com tanto a se fazer, por onde você começou? 

Tudo começa com muita pesquisa. De quem era a casa, o que ele pretendia com a casa, de onde veio o material original. A casa foi idealizada por Nhonhô Magalhães para fazer festas e reuniões. Ainda que ele não tenha visto a casa pronta, conseguiu o que queria: quase 100 anos depois, a casa vai se prestar à sua função original.  


E quais foram os desafios do projeto? 

Os principais foram fazer o que tinha de ser feito para que a casa ficasse o mais semelhante possível de sua construção original; e fazer adaptações para os novos tempos sem interferir no estilo da época e respeitando os cálculos de engenharia feitos originalmente. 


Quais foram as adaptações para os nossos tempos? 

As salas, por exemplo, tinham apenas uma porta, então você entrava e saia pela mesma porta. Sendo a finalidade da casa receber eventos e festas, atualmente isso não ia funcionar, era preciso ter circulação entre os ambientes. Então abrimos algumas portas para os ambientes se comunicarem. Instalamos um segundo elevador. Os geradores e os ar-condicionados foram instalados e bem camuflados. O ar-condicionado parece um móvel na sala, ninguém vê que ele está ali. Essas atualizações não podiam brigar com a arquitetura original.


O bar e a cozinha são novos?

O bar é novo mas nem parece que foi feito agora, você tem a impressão de que ele sempre existiu. O papel de parede pintado à mão ficou perfeito e é curioso pensar que hoje em dia, em 2022, estamos usando muito esses metálicos. É algo que funcionou para a época e também é atual. A cozinha já existia, mas era preciso deixa-la funcional. Então chamei a Mazzô França Pinto para ir lá comigo e dizer tudo o que ela precisava para fazer um banquete. 


E qual a sensação de ver a casa agora? 

Eu fiz essa casa com muito prazer. E é tão bom vê-la de volta à vida, pronta para ser usada como idealizado pelo Nhonhô Magalhães. Eu respeito muito o que faço e fiquei muito satisfeita com o resultado final. É preciso ter bagagem, repertório para realizar um trabalho assim. Foi emocionante ver membros da família de Nhonhô visitarem a casa. Eles agradeceram muito também!