Tradição é um traço forte na bi.sa e na vida de Bia. “A marca é muito contemporânea na forma e na modelagem; a tradição da marca está no fazer. Para fazer uma roupa limpa, clean, simples, é preciso fazer brilhar o corte, o tecido e o acabamento.” Mesmo sendo uma roupa para o dia a dia, a marca traz um fazer artesanal como o das festas, com acabamento todo terminado na mão. 

 

O linho, que é o carro chefe da marca, vem especialmente amaciado nesta coleção para ficar com aquela cara amassadinha linda. Mais do que slow fashion, a Bi.sa é slow living. “É uma roupa que aproxima você do desejo de diminuir o ritmo. Traz acolhimento, deixa você mais tranquila.”

 

Outro traço forte na bi.sa é que a sustentabilidade vai além de usar um tecido que não polui e um tingimento que não faz mal ao planeta. “As costureiras têm um salário legal, pra que tenham qualidade de vida, possam consumir produtos melhores e para que seus filhos possam ir a boas escolas. Valorizamos muito o processo inteiro, assim como as oficinas. Quero que prosperem e trabalhem comigo por muitos anos.”

 

Bia trabalha com transparência genuína, perceptível na mais breve conversa com ela. Não faz liquidação de suas peças, pois calcula o seu valor real, sem barganha ou excesso. E prefere que as modelos fotografem do jeito que se arrumam normalmente, sem maquiador ou cabelereiro. “Numa era em que os filtros são a regra, valorizo a beleza natural.”

 

Inclusão também é levada a sério na bi.sa: se a cliente quer algo e não encontra no seu tamanho, Bia faz sob medida e não cobra nada a mais por isso. 

O começo de tudo

Quando Bia Florenzano tinha seis anos, sua avó encontrou toalhas de mesa cortadas. A neta tinha pego alguns pedaços para fazer roupa para sua boneca. Então a nonna a levou numa loja e comprou vários tecidos para a garota, que tão nova já costurava, trazendo no DNA as habilidades manuais de seus antepassados – um de seus bisavôs, Vincenzo, tinha uma alfaiataria em NY na época da guerra. “Quando vi o filme “E o Vento Levou”, quis logo fazer roupas iguais às das personagens para minhas bonecas.”

 

Aos 15 anos, ainda era cedo para fazer faculdade, mas a mãe de Bia conseguiu que ela  se matriculasse no curso de moda da FAAP como ouvinte e, aos 17, ela foi pra Paris numa temporada promovida pela própria FAAP. Aos 26 foi pra NY, onde fez um curso de dois anos de Career Fashion Designer, na Parsons. Muito perfeccionista, no meio tempo estudou estamparia, moulage e foi pra Roma aprender bordado de alta costura. “Eu queria fazer tudo, saber tudo, entender e dominar todo o processo.”

 

Na volta para o Brasil, Bia trabalhou com Miele e na Daslu, sempre na parte de estilo. Então Clô Orozco a levou para fazer a linha de festa e noiva da Huis Clos. 

Raízes italianas 

Bia tem uma ligação forte com suas raízes italianas. Passa temporadas de verão em  Morigerati, berço da bisavó, onde fica o museu que conta a história dela, que era Baroneza mas perdeu o título ao casar com o bisavô, que não era nobre. Desta bisavó, a família de Bia herdou um castelo do século 13, onde ela encontrou teares de linhos, cerâmicas e bordados de séculos atrás, que ela tenta desenvolver hoje com as bordadeiras. 

 

É de se imaginar que o nome bi.sa seja uma homenagem à bisavó, mas a princípio foi criado como a junção do nome de Bia e sua primeira sócia, Isa. “É um nome antigo, que tem tudo a ver com a história e a tradição. Funcionou das duas maneiras.” 

 

A cada novo detalhe que conhecemos de sua história e seu trabalho, ficamos ainda mais fãs!